Mesmo invisível me sustentas.

"Tenho de regressar obsessivamente a ti,
aguento dois ou três minutos, às vezes quatro ou cinco quando consigo adormecer um pouco, ler um livro que me leve, e depois volto, enfim, para a estranha necessidade de te encontrar,
há em mim uma voracidade de afecto,
desassossega-me que consigas existir onde não estou, a tua pele consegue?, a minha abdica, atira a toalha ao chão e lamenta-se, é possível ter uma pele queixinhas?,
tenho de aprender a prostituir a palavras,
tudo o que escrevo e leio te traz, ontem li a bula de um medicamento qualquer e inventei um poema, era mais ou menos sobre as contra-indicações do teu corpo, os malefícios do teu suor para a pele, e no final só me apetecia tomar os medicamentos todos para que algo em ti me pudesse amar, (...)
tenho de arranjar um nome para os teus lábios,
e para ti também já agora, pensei em chamar-te água porque me entras e sais por todos os poros, depois lembrei-me de te chamar ar porque mesmo invisível me sustentas, e fiquei por te chamar minha porque era tudo o que me bastava", já dizia Pedro Chagas Freitas, a descrever tão bem a minha mente.

Com amor,
Mi.

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